quarta-feira, setembro 28, 2005

Todos adoram o Chris

Chris Rock, humorista americano, criador de pérolas como o esquete How to not get your ass kicked by the police, criou um seriado baseado em sua infância, chamado Everybody Hates Chris, numa clara referência a um outro seriado famoso... Numa mistura muito interessante de humor e crítica, ele conta como foi sua adolescência, partindo dos 13 anos, e a mudança para um bairro um pouco melhor. Um aspecto citado por um dos atores é que este é o primeiro seriado em algum tempo que não retrata pais inexperientes ou incompetentes, fórmula que já rendeu sucessos como Os Simpsons e Malcom in the Middle. Estes pais sabem exatamente o que estão fazendo e o que esperam de seus três filhos. O ambiente da série, na verdade, me fez lembrar do maravilhoso Crosby, mas com o humor particular de Chris: simples, ácido e improvisadamente irreverente. Uma outra novidade na série é que o episódio piloto está disponível aqui pelo Google, que toma mais um passo em sua conquista do mundo. Os primeiros episódios serão transmitidos por esse novo formato, graças a um acordo com a UPN, canal que transmite a série nos EUA. Vale lembrar que a UPN é um canal em ascenção, e que ganha reconhecimento da crítica americana desde a temporada 2004/2005 graças ao cult hit Veronica Mars. No Brasil, Everybody Hates Chris será exibida no canal Sony, ainda sem data definida.

terça-feira, setembro 27, 2005

Must love Cusack *

(resenha escrita a quatro mãos :D) Desde o começo, Procura-se um amor que goste de cachorros (Must Love Dogs) deixa claro a sua intenção: essa é uma comédia romântica. Portanto, não há razões para reclamar de seu resultado, já que comédias românticas não costumam fugir da fórmula consagrada por anos e anos nos filmes de Meg Ryan. Devemos lembrar que nem todo filme precisa ser revolucionário. Muitos trazem evoluções mais sutis, colocando uma nova luz sobre o assunto. Por exemplo, o que dá personalidade a Procura-se um amor que goste de cachorros é a escolha de seus protagonistas: saem os trintões que, cansados da farra, buscam o amor verdadeiro, ainda sob a ilusão de um felizes para sempre típico do cinema. Em seu lugar, entram pessoas na faixa dos 40 aos 70 anos, que buscam uma nova chance de amar, depois de uma primeira experiência marcante, para o bem ou para o mal. Assim, conhecemos Sarah (Diane Lane), uma professora divorciada que prefere a solidão e a companhia de um casal de amigos gay a procurar um namorado. Até que sua família, liderada por sua irmã Carol (Elizabeth Perkins), resolve fazer uma intervenção que obriga Sarah a procurar um companheiro. Se o filme é formulaico em sua estrutura de "mulher solteira procura", ele inova ao incorporar a essa busca os efeitos dos novos tempos: Sarah escolhe seus candidatos a partir de um site. Nessa jornada, conta com a ajuda das irmãs, os conselhos do pai (Christopher Plummer) - um viúvo que também está em busca de companhia - e de uma das namoradas deste, Dolly (Stockard Channing). É claro que não existe comédia romântica sem a contraparte do casal. Nesse caso, a busca de Sarah a leva a dois caminhos, um representado por Bob (Dermot Mulroney), pai de um de seus alunos, recém-separado; e Jake (John Cusack), um homem divorciado, romântico, e que só se vê preparado para superar a separação quando a conhece, através de um anúncio da internet, intermediado por seu advogado e amigo. Sarah se vê indecisa entre esses dois caminhos, e que ela aprende, no processo, que para tomar uma decisão, é preciso haver um primeiro passo, e esse geralmente se dá na decisão de buscar algo melhor, algo além da resignação. Apesar de não fugir da estrutura básica das comédias românticas, esses elementos novos, mais próximos da realidade, e com personagens mais humanos, encontros que não funcionam muito bem e pessoas que nem sempre dizem a coisa certa no momento certo, dão ao filme um charme especial. [Adendo da Roxy] São duas horas de filme, e o John Cusack aparece em boa parte desse tempo usando uma camiseta dos Ramones. Só isso já me faria surtar, mas o papel dele - de um cara sensível, que busca uma relação verdadeira baseada em compreensão e carinho - é a prova cabal de que ele continua sendo o Llyod Dobler, e que até Lloyd Dobler cresceu. Enquanto essas duas imagens, Cusack e Dobler, continuarem se confundindo, eu tenho esperança nos homens. (* não tenho culpa se o Frank pediu pra eu publicar... Olha no que deu... :D)

domingo, setembro 25, 2005

Roxy's Tube #1

Então, pra deixar isso organizadinho, resolvi que meus posts sobre seriados se chamarão Roxy's Tube. Comentários gerais sobre novas séries e episódios serão catalogados sob essa etiqueta. Procurem-na. Essa semana... How I met your mother #101: das sitcoms vistas, é a que tem formato mais tradicional, com estúdio, laughtrack e multi-câmeras. O elenco é interessante: Alyson Hanningan (Buffy, A Caça-Vampiros), Jason Segel (Freaks and Geeks) e Neil Patrick Harris (Doogie Howser) fazem os melhores amigos de Ted (Josh Radnor), que conta, em flashback, para seus filhos, a história de como conheceu a mãe deles. Parece interessante e engraçadinha. Das vistas, é a mais "família". Kitchen Confidential #101: parte de uma premissa forte, um chef (Bradley Cooper, de Alias) que recebe uma segunda chance depois de cair no anonimato por causa de drogas e mulheres. Depois de conseguir emprego em um restaurante novo, ele precisa montar uma equipe (elenco de apoio interessante, com Nicholas Brendon, John Cho e Bonnie Sommerville) e provar para si mesmo que ainda tem talento. Meio adulta pra TV aberta americana, o que é interessante (depois da leva de séries-família da temporada passada). Não sei se manterá o padrão, mas parece ser rodada em filme. My name is Earl #101: Outra série com tom mais adulto, embora mais leve que a anterior, é a história de um cara sem ambição (Jason Lee), casado com uma mulher, pai de dois filhos que não são seus e que, numa série de acasos, ganha na loteria, perde, é atropelado, se divorcia e ganha na loteria de novo. Nesse processo, ele começa a acreditar em karma, e que só fará por merecer o dinheiro que recebeu se desfizer as coisas ruins que já aprontou na vida. Muito engraçada. Arrested Development #301: a terceira temporada começa no mesmo nível de piadas já característico da série, com lições de família misturadas a uma série de referências internas que torna cada episódio um emaranhado de piadas internas digna de estudo. E, pra minha glória, teve extensa participação de Steve Holt! \o/ The OC #301: um episódio da terceira temporada se mostrou melhor que boa parte da segunda. As repercussões do tiro da season finale foram o tema central, embora a ênfase no relacionamento dos quatro adolescentes tenha ocupado boa parte do episódio - o que foi bom, porque voltou ao espírito do início da série. Os dramas mais adultos - a volta de Kirsten para casa, o relacionamento de Jimmy e Julie - foi bem iniciado. O #302 já tá a caminho! Lost #201: Lost é como o Fight Club: you do NOT talk about it. (Embora eu vá tremer, de agora em diante, com a menção de um certo nome. E que algumas coisas pareceram meio A Ilha do Dr. Moreau até pra mim, que sou total JJ whore).

domingo, setembro 11, 2005

Bons presságios

O que se obtém quando se junta a imaginação e criatividade única de Neil Gaiman com o humor inteligente e a narrativa de Terry Pratchett? O resultado é o livro Good Omens, que no Brasil foi traduzido como Belas Maldições, nos traz a mais divertida história sobre o apocalipse: com direito a todos os personagens esperados, como anjos, demônios, os quatro cavaleiros do apocalipse, o anticristo e muitos outros que são essenciais para o enredo, mas que nunca foram citados antes. A trama começa constatando que a Terra foi criada em 4004 antes de cristo às 9 da manhã, porque Deus gosta de começar a trabalhar cedo, e toda aquela história de evolução e dos dinossauros é uma piada que os arqueólogos ainda não entenderam. Desde a criação até os dias de hoje, um anjo chamado Aziraphale e uma certa serpente que acabou envolvida com maçãs chamada Crowley, talvez mais por falta de opção e de um rosto familiar, acabaram criando um acordo de não-agressão para que os dois pudessem compartilhar histórias e a simplesmente um pouco de compania, já que é muito difícil encontrar alguém que viva por 6 mil anos. Mas eles não podiam reclamar, cada um fazia a sua parte no Grande Plano e não atrapalhavam a vida de ninguém. Até que Crowley é incumbido da importantíssima tarefa de fazer a clássica troca de bebês para que o anti-cristo seja criado por uma família rica e de grande poder, e que portanto, dali há onze anos ocorreria do Dia do Julgamento. O problema é que depois do tempo que os dois passaram no planeta, eles acabaram se acostumando com as coisas por aqui, além do fato de só havia dois músicos bons que foram para o Céu nesse tempo todo, e Crowley realmente não queria ficar ouvindo Lizst para o resto da eternidade. Assim, eles decidem que vão fazer o máximo possível para garantir que aquele restaurantezinho aconchegante que eles conhecem continue por lá. Mas os humanos também possuem sua influência sobre os fatos: conheça Anathema Device, descendente profissional e atual possuidora do "The Nice and Accurate Prophecies of Agnes Nutter", um livro que possui em detalhe e com precisão assustadora todos os eventos ocorridos desde o século 17, quando foi escrito, até o fim do mundo. Este livro, junto com as incríveis forças do exército anti-bruxas serão usados para evitar que a batalha entre o Céu e o Inferno aconteça. Não perca essa incrível narrativa, que também poderia ser descrita como o fim do mundo segundo o Monty Pyhton se a idéia tivesse sido apresentada a eles e o grupo ainda existisse.

sexta-feira, setembro 09, 2005

Síndrome de Estocolmo

Sabem, o sofá é o principal móvel de uma casa. Mais do que mesas, cadeiras, camas e armários. O sofá é o que concentra o maior número de coisas utilmente divertidas: é onde a gente recebe os amigos, tira um cochilo à tarde, namora... e assiste TV. Porque, afinal, a TV é o principal eletrodoméstico da casa! Tudo isso pra dizer que todos nós somos um pouco reféns do sofá. Ele nos atrai nos momentos de cansaço, de tédio, de diversão. É difícil não amá-lo. Mas chega um momento em que temos que aprender a dividí-lo - até porque estar bem acompanhado nunca é ruim... Então, sem mais delongas, gostaria de informar que o Refém do Sofá conta agora com mais um colaborador, o Frank. Ele é mais calmo, controlado e racional do que eu, então além de atualizações mais constantes, o blog sofrerá de menos ataques de histeria causadas pelo Logan Echolls, como no passado. Espero que nosso leitores dêem as boas vindas ao Frank, e prestigiem essa nova fase do Refém do Sofá.

terça-feira, setembro 06, 2005

Face/off

O sucesso comercial dos filmes orientais no Ocidente causou uma enxurrada de lançamentos nos últimos meses, a maioria filmes de luta com baixo orçamento e elenco desconhecido. Mas alguns filmes despontam, e alguns nomes também. E no meio de tudo isso, a produção oriental que não se volta para as lutas marciais e fábula coloridas, como Herói, chamam tanta atenção quanto - não só pela qualidade do seu roteiro, mas pelas atuações acima da média. O caso de Conflitos Internos (Wu jian dao) é ainda mais especial, pois o filme chamou a atenção de Martin Scorcese, que irá refilmá-lo com Leonardo DiCaprio em um dos papéis principais. Na versão chinesa, os nomes que se destacam são conhecidos: Tony Leung (o Espada Quebrada de Herói) e Andy Lau (o Leo de O Clã das Adagas Voadoras). Nesse policial, eles são dois jovens recrutados por lados diferentes da lei: Yan(Leung) é o policial que se infiltra nas gangues da cidade e repassa informações para o departamento. Para sua segurança, apenas o comandante - seu contato - sabe quem ele é. Lau (Lau) é o espião do mafioso Sam dentro da polícia, um homem de comportamento exemplar que sobe rapidamente na profissão, mesmo repassando informações para os criminosos. Yan e Lau se encontram e iniciam um jogo de gato-e-rato em que são questionadas identidades, vidas e intenções de cada um. A reversão de papéis é suficiente pra reverter a índole de alguém? Até que ponto vale a pena agir para manter o disfarce? A trama se constrói de maneira interessante, com pequenos detalhes que mal são mencionados mas que hiperdimensionam a situação invertida que os dois homens vivem, os medos e angústias de serem descobertos. É um filme totalmente urbano e totalmente contemporâneo, o que ajuda a mostrar que a qualidade do cinema chinês está além das lutas coreografadas.

domingo, setembro 04, 2005

Miyazaki, cor e som

O castelo animado (Hauru no ugoku shiro) é mais colorido e sonoro que seu antecessor, A viagem de Chihiro. E, em certos aspectos, é mais adulto. Mas ainda possui a marca característica do Estúdio Ghibli e de seu principal realizador: é uma fábula contada através de uma animação clássica, leve e onírica. A saga de Sofi em busca de uma cura para a sua maldição - ela se transforma em uma velha, graças à magia da Bruxa da Terra Abandonada - coincide com o ápice de uma guerra entre dois países vizinhos. Na busca pelo antídoto, Sofi abandona a sua vida sem graça (o trabalho numa loja de chapéus que era de seu pai, a irmã popular entre os homens, a mãe quase sempre ausente em busca de um novo marido) e acaba por encontrar uma família no castelo do título. Que é o lar do feiticeiro Hauru, um homem que Sofi acha gentil, mas que tem fama de arrasador de corações. Hauru tem hábitos estranhos, de passar longos períodos no banho e sair no meio da madrugada, então Sofi tem a companhia de Markl, o pequeno aprendiz de Hauru, e Cálcifer, o demônio do fogo que aquece a lareira, coloca o castelo em movimento e, de alguma forma, está ligado à vida de Hauru, única pessoa a quem obecede. Em sua forma idosa, Sofi sente-se na obrigação de estar ali por algum motivo, e se torna a faxineira do castelo, conquistando a confiança de Markl e de Cálcifer, que a obedece. Ela ainda conversa com Cabeça de Nabo, um espantalho enfeitiçado que circula perto do castelo. A trama pode soar um pouco confusa, porque liga os feitições de cada um dos personagens principais à guerra que serve como pano de fundo para a trama. Mas, no fim das contas, é apenas a história de uma velha, presa no corpo de uma menina que vai, aos poucos, se adequando ao corpo - e à idade - que tem.