terça-feira, setembro 27, 2005

Must love Cusack *

(resenha escrita a quatro mãos :D) Desde o começo, Procura-se um amor que goste de cachorros (Must Love Dogs) deixa claro a sua intenção: essa é uma comédia romântica. Portanto, não há razões para reclamar de seu resultado, já que comédias românticas não costumam fugir da fórmula consagrada por anos e anos nos filmes de Meg Ryan. Devemos lembrar que nem todo filme precisa ser revolucionário. Muitos trazem evoluções mais sutis, colocando uma nova luz sobre o assunto. Por exemplo, o que dá personalidade a Procura-se um amor que goste de cachorros é a escolha de seus protagonistas: saem os trintões que, cansados da farra, buscam o amor verdadeiro, ainda sob a ilusão de um felizes para sempre típico do cinema. Em seu lugar, entram pessoas na faixa dos 40 aos 70 anos, que buscam uma nova chance de amar, depois de uma primeira experiência marcante, para o bem ou para o mal. Assim, conhecemos Sarah (Diane Lane), uma professora divorciada que prefere a solidão e a companhia de um casal de amigos gay a procurar um namorado. Até que sua família, liderada por sua irmã Carol (Elizabeth Perkins), resolve fazer uma intervenção que obriga Sarah a procurar um companheiro. Se o filme é formulaico em sua estrutura de "mulher solteira procura", ele inova ao incorporar a essa busca os efeitos dos novos tempos: Sarah escolhe seus candidatos a partir de um site. Nessa jornada, conta com a ajuda das irmãs, os conselhos do pai (Christopher Plummer) - um viúvo que também está em busca de companhia - e de uma das namoradas deste, Dolly (Stockard Channing). É claro que não existe comédia romântica sem a contraparte do casal. Nesse caso, a busca de Sarah a leva a dois caminhos, um representado por Bob (Dermot Mulroney), pai de um de seus alunos, recém-separado; e Jake (John Cusack), um homem divorciado, romântico, e que só se vê preparado para superar a separação quando a conhece, através de um anúncio da internet, intermediado por seu advogado e amigo. Sarah se vê indecisa entre esses dois caminhos, e que ela aprende, no processo, que para tomar uma decisão, é preciso haver um primeiro passo, e esse geralmente se dá na decisão de buscar algo melhor, algo além da resignação. Apesar de não fugir da estrutura básica das comédias românticas, esses elementos novos, mais próximos da realidade, e com personagens mais humanos, encontros que não funcionam muito bem e pessoas que nem sempre dizem a coisa certa no momento certo, dão ao filme um charme especial. [Adendo da Roxy] São duas horas de filme, e o John Cusack aparece em boa parte desse tempo usando uma camiseta dos Ramones. Só isso já me faria surtar, mas o papel dele - de um cara sensível, que busca uma relação verdadeira baseada em compreensão e carinho - é a prova cabal de que ele continua sendo o Llyod Dobler, e que até Lloyd Dobler cresceu. Enquanto essas duas imagens, Cusack e Dobler, continuarem se confundindo, eu tenho esperança nos homens. (* não tenho culpa se o Frank pediu pra eu publicar... Olha no que deu... :D)