domingo, setembro 04, 2005

Miyazaki, cor e som

O castelo animado (Hauru no ugoku shiro) é mais colorido e sonoro que seu antecessor, A viagem de Chihiro. E, em certos aspectos, é mais adulto. Mas ainda possui a marca característica do Estúdio Ghibli e de seu principal realizador: é uma fábula contada através de uma animação clássica, leve e onírica. A saga de Sofi em busca de uma cura para a sua maldição - ela se transforma em uma velha, graças à magia da Bruxa da Terra Abandonada - coincide com o ápice de uma guerra entre dois países vizinhos. Na busca pelo antídoto, Sofi abandona a sua vida sem graça (o trabalho numa loja de chapéus que era de seu pai, a irmã popular entre os homens, a mãe quase sempre ausente em busca de um novo marido) e acaba por encontrar uma família no castelo do título. Que é o lar do feiticeiro Hauru, um homem que Sofi acha gentil, mas que tem fama de arrasador de corações. Hauru tem hábitos estranhos, de passar longos períodos no banho e sair no meio da madrugada, então Sofi tem a companhia de Markl, o pequeno aprendiz de Hauru, e Cálcifer, o demônio do fogo que aquece a lareira, coloca o castelo em movimento e, de alguma forma, está ligado à vida de Hauru, única pessoa a quem obecede. Em sua forma idosa, Sofi sente-se na obrigação de estar ali por algum motivo, e se torna a faxineira do castelo, conquistando a confiança de Markl e de Cálcifer, que a obedece. Ela ainda conversa com Cabeça de Nabo, um espantalho enfeitiçado que circula perto do castelo. A trama pode soar um pouco confusa, porque liga os feitições de cada um dos personagens principais à guerra que serve como pano de fundo para a trama. Mas, no fim das contas, é apenas a história de uma velha, presa no corpo de uma menina que vai, aos poucos, se adequando ao corpo - e à idade - que tem.