domingo, dezembro 17, 2006

Você sabe o nome, você sabe o número

Sábado eu fui assistir Casino Royale, a mais nova instância dos filmes de James Bond, e o primeiro na qual Daniel Craig faz o papel do até então charmoso e galante espião da inteligência inglesa. Este filme é uma marca na franquia, pois conta a primeira missão oficial do espião depois de conseguir o seu status como agente "00". Diferentemente dos filmes anteriores, aonde havia um duelo constante entre Bond e o gênio criminal do momento, que aliás, podia receber mais importância do que o prôprio protagonista que dá nome à série. Aqui, temos um foco completo no personagem de James Bond, que vai além de derrotar o super vilão da vez. Claro, que por outro lado, não seria um filme do 007 se não houvesse uma mente criminosa por trás de tudo, por isso, elementos clássicos da fórmula estão presentes e executados de forma clara e bem dirigida. Mas a principal diferença é que não só é uma história sobre o início da carreira do espião tão famoso, é o começo de uma nova série: Esqueça a história do "batido e não mexido", ou do carro que fazia praticamente tudo sozinho. Este James Bond é bom de briga e não tem medo de usar os punhos para pegar o seu alvo, como a cena inicial do filme mostra claramente. Tendo em vista esse papel de "instrumento contundente", Daniel Craig é perfeito para o papel, com cenas que se aproximam mais dos filmes de kung-fu do que dos antecessores da franquia. Uma outra coisa que eu percebi depois de sair do cinema, apesar de talvez ser óbvia, é que 007 é possivelmente a franquia de maior sucesso da história do cinema: 0 primeiro filme Dr.No é de 1962. Isso nos 44 anos de filmes que foram mudando discretamente, mas conseguiu realizar 21 instâncias sobre basicamente o mesmo enredo, sendo que até aonde eu sei, cada um foi um sucesso de bilheteria em seu tempo, criando suas próprias tradições e excentricidades, como a abertura e trilha sonora fabulosa. Esta franquia é a prova absoluta e definitiva de que uma fórmula pode dar certo sim, se bem aplicada e bem dirigida. Tanto que a EON Production, detentora dos direitos para o personagem só fez um filme fora dessa série. Assim, assista um ótimo filme de ação, um ótimo filme do 007, e que nos dá a certeza que ainda veremos muito mais dele na tela, até o ponto em que nossos netos nos visitarão para nos contar o últimos feitos deste espião imortal.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Fora de ritmo

Não, o título não é para falar dos longos e tenebrosos hiatos desse blog, embora sirva para isso também. Na verdade é para falar de um filme (!) que eu vi no cinema (!!) ontem (!!!): Step Up. O pobre filme começou mal. Foi lançado aqui no Brasil com o infeliz nome de Ela Dança, Eu Danço, fazendo alusão a uma música tão infame quanto o resultado final. Por quê eu fui ver esse estrago? Vejamos: 1) Filme adolescente 2) Com dança 3) Que aparentava ser do gênero "kung-fu aplicável a" que eu tanto gosto (e.g.: Strictly Ballroom) E por quê eu não gostei? Em primeiro lugar, eu até gostei. Pra um filme da Sessão da Tarde, ele tem cara de segunda, no máximo terça-feira. É no mesmo nível de Shout: Dois Corações, Uma Só Batida. Que ainda tinha o John Travolta no elenco, vê só. Mas Step Up peca no princípio: se a idéia era misturar Save the Last Dance (No Embalo do Amor) com Center Stage (Sob a Luz da Fama), faltou fôlego nos dois aspectos. Ok, as cenas de dança *são* legais. Mas o recheio é que segura um filme, e a idéia que passa é que eles estão mais interessados em mostrar o povo rebolando do que contar uma história. Várias seqüências de montagem de cenas com fundo musical poderiam ter sido usadas para, por exemplo, criar um conflito maior entre o mocinho, Taylor (Channing Tatum) e o seu *rival* Brett (Josh Henderson). Do jeito que foi mostrado nas enormes duas cenas em que eles contracenam, a impressão que dá é que eles quase saem no tapa sem nem saber quem o outro é, e o resultado final é uma coisa meio David Silver de 90210 na fase hip-hop (Tyler) versus Justin Timberlake pré-Cameron Diaz (Brett). Não dá pra levar a sério um antagonismo desses. Aliás, muitas storylines sobrepostas também dificultam, porque não há tempo de desenvolver todas de uma forma satisfatória, e acaba ficando tudo pela metade. O conflito entre Tyler e seus amigos acontece e se resolve com as frases mais cretinas que um diálogo poderia acontecer. A crise de relacionamento entre Tyler e Nora (Jenna Dewan) é tão, mas tão patética que nem dá pra sentir pena dos dois. Se salvam os "melhores amigos" Miles e Lucy, os coadjuvantes mais passáveis do negócio todo. O final é tão óbvio que, duh, deixa pra lá. Mas como eu dizia, Step Up não consegue ser tão "gueto e politicamente correto" quanto Save the Last Dance, nem tão artisticamente divertido quanto Center Stage. Os atores principais só podem ser iniciantes, porque as expressões dramáticas têm o alcançe... Bom, inexistente. E por quê eu não coloco tudo isso como um desastre total? Porque o meu gosto é muito, muito duvidável.