Através do espelho
Há 20 anos, a Jim Henson Company lançava um filme infantil que, contra todas as probabilidades, se tornou um cult até entre adultos (especialmente aqueles que viram o tal filme quando eram criança...). Labirinto era um conto de rito de passagem, a história de uma menina (Jennifer Connelly) que precisava passar por diversos obstáculos no tal Labirinto para salvar o irmão, e ainda derrotar o Rei dos Dundes (David Bowie).
Mas Labirinto é um filme de 20 anos atrás. Para crianças. Será que as crianças ainda se sentiriam inspiradas por aquele filme?
Nesse ponto, pode-se dizer que A Máscara da Ilusão (MirrorMask) é uma nova visão daquela mesma história, a jornada de uma adolescente chamada Helena (Stephanie Leonidas) em um mundo de sonhos, dividido entre o Reino da Luz e o Reino das Sombras.
Mas o mundo de Helena está dividido assim antes mesmo de ela ingressar nesse mundo de sonhos. Helena é uma filha do circo. Desenhista talentosa, extremamente criativa, ela ainda é malabarista, que se apresenta ao lado do pai e da mãe, e sua família é a trupe que trabalha para seu pai. Mas ela quer sair daquele mundo, ter uma vida "normal", o que causa seguidos atritos entre ela e a mãe (Gina McKee). Após uma dessas discussões, a mãe vai parar no hospital. Consumida pela culpa, e pela necessidade de se desculpar de verdade, "dessa vez pra ela acreditar em mim", Helena acaba, numa noite, sugada pra esse mundo irreal que ela descobre, aos poucos, ser exatamente igual aos seus desenhos.
Como em outros clássicos infantis, a missão de Helena é defender aquele novo mundo da escuridão que ameaça encobrí-lo, encontrar a tal Máscara da Ilusão e acordar a Rainha da Luz. Ao mesmo tempo, a Rainha das Sombras vê na menina a substituta para a sua filha, que fugiu de casa.
Nesse mundo, desenhado a partir dos sketches de Helena, é que está a verdadeira beleza do filme: aliando a imaginação de seu roteirista, Neil Gaiman, e de seu diretor, Dave McKean, a Jim Henson Company se mostra finalmente um passo adiante dos animatronics dos anos 80, e entrega um mundo recheado de gigantes, grifos, monstros e criaturas mágicas que realmente desafiam o olhar a se concentrar um pouco mais nos infinitos símbolos espalhados pela tela.
Nesse mundo em que as pessoas não têm rosto, têm máscaras, Helena é uma estranha com seu cabelo curto, seu pijama largo e pantufas de coelhinho. Mas ainda assim consegue ajuda de um malabarista ambicioso (Jason Barry) , que a guia até a Terra das Sombras, onde o confrontro com a Rainha é catártico para que a menina perceba o que está acontecendo, e como sair dali.
O filme parece ser um passo adiante da obra conjunta anterior de Gaiman e McKean: se o livro Coraline era uma versão de Alice no País das Maravilhas, A Máscara da Ilusão é parte Labirinto, parte História sem fim, em uma narrativa semelhante à Waking Life, de Richard Linklater.
Mas, acima de tudo, é a história de uma menina que se refugia em seu próprio mundo para exorcizar demônios internos que se transformam em demônios reais, e finalmente acorda para descobrir que não é mais criança.
2 Comments:
Não sei quanto às crianças de hoje, mas para mim, Labirinto fez tanto sentido que hoje eu tenho o DVD da edição especial.
oi, estava caçando na net, um texto satisfatorio sobre mirror mask, e considerei o seu ... o MELHOR ^^
Parabens pelo modo como vc o descreveu e espero q não se ofenda em eu o ter usado no meu flog, mas colocanddo o link do seu blog ^_^V
um abraço, e de novo, os meus parabens!!!!
meu flog http://ubbibr.fotolog.com/luiz_spike/?pid=16885904
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