Refém do Sofá

Direito Divino

O novo filme de Spielberg, Munique, trata sobre uma questão delicada: o terrorismo e as respostas das nações que sofrem esses ataques. Usando o atentado ocorrido nas Olimpíadas de Munique, Spielberg mostra numa versão baseada em fatos reais qual teria sido a resposta de Israel ao ataque. Segundo ordens do governo, é criado um grupo secreto com a missão de exterminar os suspeitos pelo atentado de Munique, e pela morte dos atletas israelenses. Assim, começa a caça Liderada por Avner (Eric Bana). Apesar da idéia sempre presente de que eles estão fazendo a coisa certa, e que eles são Judeus, povo escolhido por Deus para fazer o certo, a cada suspeito eliminado aparecem mais atentados, respotas aos atos do grupo de Avner. E cada um que é morto, aparece um novo, com idéias mais radicais, afinal o último não foi bom o suficiente para permanecer vivo. O filme mostra que nenhum dos lados quer a resolução das disputas ou a paz, querem apenas retaliação, querem vingança, pois se acham no direito de responder dessa forma. Essa crítica pode ser facilmente transplantada para o conflito EUA/Iraque. O atual presidente, George W. Bush, já declarou abertamente que está numa guerra santa contra o terrorismo, e que fará tudo que está ao seu alcance para livrar o mundo daqueles que ele considera perigosos. Os Estados Unidos já deixaram de ser a "terra da oportunidade", ou mesmo "land of the free, home of the brave", agora eles são a polícia mundial, prontos para nos proteger de todos os males, exterminar todas as ameaças que eles julguem importantes. Ainda assim, Spielberg consegue que o filme permaneça razoavelmente neutro, mostrando o ponto de vista dos dois lados. E talvez por isso tenha sido tão criticado até agora, pois nenhum dos lados gostou muito do que viu.

posted by franksands @ 1/28/2006 10:46:00 PM